das raízes dispersas

 Rui Aguiar

Sem ter estado ligado – por idade e pelo seu espirito livre – às atividades coletivas dos surrealistas portugueses, existem na sua obra (pinturas, desenhos, colagens, fotomontagens, assemblagens e objectos) fortes ligações com as práticas artísticas surrealistas, em diálogo de sucessivas justaposições, conjunções ou fusões com práticas vindas dos quatro pontos cardeais da Modernidade artística. Nesta exposição temos, assim, uma seleção de trabalhos que revelam influências dos movimentos artísticos dos finais do século XIX e início do XX.
A exposição reúne trabalhos inéditos datados do início da sua atividade até aos dias de hoje. Trata-se de uma mostra semi-antológica, com algumas das suas obras mais significativas das décadas de 70 a 90, juntamente com obras mais contemporâneas do universo da arte digital. Com uma obra experimental e eclética, à semelhança dos artistas da sua geração, essencialmente caraterizadora do abstracionismo e da Arte Povera, redescobrimos nas suas obras, mais do que talvez esperássemos, as influências dos movimentos artísticos do início do século.
Itinerário de um artista “absolutamente moderno”, que tem sabido, e sabe, que o assombro e o prazer do conhecimento e de dar realidade ao sentido da palavra (o verbo criador), própria de cada linguagem, é um privilégio de crianças e de artistas que sabem manter a maneira de dialogar com a realidade através do “olhar selvagem”, de que Breton falava.
Sinopse da exposição "das raízes dispersas" presente no Centro Português do Surrealismo da Fundação Cupertino de Miranda, 2022.