Sinopse
«As múltiplas imagens reunidas neste álbum documentam uma era em que o
acesso ao corpo humano, desprendido de noções tidas por atravancantes
como pecado, ou privacidade, triunfa sobre toda a impostação puritana
e angelista. Se a isto acrescentarmos o anonimato que foi tornando
impunível um certo espectro de comportamentos, e sobretudo o rosto que
os identifica, teremos definido o cenário em que Rui Aguiar, manipulador
de uma iconologia libertada, simultaneamente se sobressalta e deleita. A
anos-luz da noite renascentista em que Leonardo a esconsas carregava
para a oficina os cadáveres que pretendia estudar, e do poente romântico
em que Ingres se exauria na reprodução da textura da pele do modelo nu,
os corpos que Rui Aguiar declina beneficiam no entanto de idêntica
chacina».
Mário Cláudio
«A minha aprendizagem do processo digital seguiu regras semelhantes às que haviam presidido à aprendizagem do desenho ou da pintura …
«A minha aprendizagem do processo digital seguiu regras semelhantes às que haviam presidido à aprendizagem do desenho ou da pintura …
- um experimentalismo
“desregrado” e sem preocupação de excelência própria quanto aos meios,
ignorando a boa utilização para que foram criados e desenhados
- uma utilização dos meios que não acarretavam “gastos ou deslocações”
que não me eram possíveis ou próprios
- a ligação à pintura, à informação, à visualização, à
cultura pictórico-artística adquirida
- uma certa forma de “replicar” obsessiva e intensa mas
íntima e recatada
Assim, sem
nunca ter um programa tipo onde chegar ou para quê, fui construindo, criando ou recriando, ao
longo dos últimos sete anos, inúmeras imagens virtuais com a vantagem
imediata em comparação com as imagens reais de não ocuparem mais do que um “
espaço em disco”,
Posteriormente, a generosa e grata contribuição de Mário Cláudio, com
uma belíssima peça em cinco andamentos, livremente descuidada de
pré-estabelecidos, encaminhou este álbum para a sua forma final».
Rui
Aguiar
Texto e imagens Rui Aguiar, textos de Mário Cláudio.