Infanta
acrílico s/ papel, 100 x 140 cm, 1994
© Rui Aguiar
Infanta
acrílico s/ papel, 100 x 140 cm, 1995
© Rui Aguiar
Infante
acrílico s/ papel, 100 x 140 cm, 1994
© Rui Aguiar
Infanta
acrílico s/ papel, 100 x 140 cm, 1996
© Rui Aguiar
Infante
acrílico s/ papel, 100 x 140 cm, 1994
© Rui Aguiar
Infanta
acrílico s/ papel, 100 x 140 cm, 1994
© Rui Aguiar
Infante
acrílico s/ tela, 100 x 92 cm, 1999
© Rui Aguiar
Infanta
acrílico s/ tela, 100 x 92 cm, 1999
© Rui Aguiar
Infante
acrílico s/ tela, 100 x 92 cm, 1999
© Rui Aguiar
Infante
acrílico s/ tela, 100 x 92 cm, 1999
© Rui Aguiar
Infante
acrílico s/ tela, 130 x 62 cm, 1999
© Rui Aguiar
Infante
acrílico s/ tela, 130 x 62 cm, 1999
© Rui Aguiar
"O Infante incitou à partida.
Sob seu desígnio e ordem, partiram para o mar os primeiros barcos, a Europa
começou a ficar maior no mapa. Os campos tornaram-se extensões sem fronteiras
que se vissem ao longe. Os mares convergiam nas proas das caravelas. Assim, se
configurou o mito. Ao longo da História, o espaço e o tempo da figura histórica
foi convivendo com efabulações várias que constituíram a sua dimensão mítica. A
própria História contribui, as ideologias, as pragmáticas políticas, as
convicções sócio-culturais, as criações literárias, as invenções picturais,
talvez, tudo consolidou a mitologização do Infante.
Do espaço real em que o
Infante viveu, do tempo contado em que transcorriam os dias passou a
suspender-se no dimensionamento mítico. O tempo linear transfigurou-o; o espaço
retomado na sua vertente omnipotente ascendeu-lhe a efígie. Rui Aguiar convocou
a figura mítica, cobiçou-lhe a realidade e reconverteu-o em novidade
iconográfica.
As sucessivas telas que se
estendem na exposição ganham território ao céu do infante. Transfiguram-no,
evocam-no, presentificam-no, ocultam-no: são testemunho da reconstituição do
processo demostrativo da sua remitologização. O Infante situa-se sempre num
primado cénico. Na sua transposição temporal, ocupa-se de uma situação
fantasmática. A recriação precária do tempo singularizado, privado, afecto à
figura histórica ultrapassa os estereótipos, através das muitas apropriações
picturais do pintor.
Se o seu contorno foi assim,
se os seus atributos eram esses, não interessa. Para lá das teses biográficas,
das discussões académicas, o Infante foi, passou a ser Infante.
Rui Aguiar empreendeu um acto
complexo de descarnalização da figura, desde o primado do convencionalismo até
ao rechear de uma texturalidade, de uma matericidade que é a pele do novo mito.
A espessura da figura na sua sombra, o contorno preenchido do húmus fundam as
realizações utopistas da sua iconografia.
A figura na sua mitologização
é exigida na paisagem da história." Efígie, figura, alma -
vestígios na planície
LAMBERT, Fátima 2000